No dia 26.12.2017 Ela planejou que o ano de 2018 seria dividido em trimestres.

Planejou, contou para alguns amigos e juntos montaram um grupo de apoio: Um ano em um trimestre.

No grupo cada um tinha e era o Anjo de alguém.

O Anjo era aquele que motivava e ajudava o “protegido” a não perder de vista o objetivo, a manter o foco.

Os primeiros 15 dias do ano foram magníficos: mensagens de incentivos iam e vinham, as tarefas traçadas eram realizadas dia a dia e parecia que ia dar certo.

E Ela, todos os dias pela manhã se lembrava que seus objetivos eram chapar a barriga, aprender de fato a língua portuguesa e decorar os taquigramas do método Oscar Leite Alves.

Levantava pensando nisso e todas as noites, antes de dormir, reforçava o objetivo, além de planejar direitinho que hora faria as atividades relacionadas a cada um deles no dia seguinte.

Acontece que uma noite Ela deitou tão cansada que nem lembrou do “trio calafrio”, só deitou e apagou.

Quando acordou no outro dia, atrasada, levantou correndo e começou a vida, sem nem parar para pensar neles.

Foi vivendo atropeladamente e pela primeira vez em 15 dias não fez nada que a ajudasse a chegar mais perto de seu objetivo.

Quando foi dormir estava tão cansada…

Um dia, Ela se encontrou com seu Anjo. Por puro acaso se esbarraram em um shopping:

“Oi, Amiga. Nossa que sorvete lindo! Mas e o projeto da barriga sarada?”

A colher que estava no ar indo em direção à boca parou.

Ela ficou visivelmente desconcertada, olhou para os lados e depois de pensar alguns segundos sobre o que responder disparou:

– Estou na TPM, tô merecendo um pouco de glicose. Amanhã eu malho isso.

Seu Anjo sorriu sem gracinha também:

“Então tudo bem. Estou indo nessa.”

Foi embora.

Ela ficou ali, afogando-se no sorvete e fazendo as contas, lembrando quantos dias já estava sem fazer absolutamente nada do que havia planejado.

Enquanto pensava chegou uma mensagem no grupo:

Bonitinha, cheia de florzinhas e passarinhos dizia assim;

“Enquanto você continuar fazendo tudo igual não terá resultado diferente.”

Abandonou as duas últimas colheradas de sorvete.

Àquela noite Ela foi à academia, estudou uma hora de Português, aprendeu 10 novos taquigramas.

Foi dormir mais tranquila.

Dormiu pensando em seus objetivos e teve um dia produtivo para alcança-los.

Na semana seguinte tudo foi as mil maravilhas.

Mas no domingo foi a um churrasco e saiu à noite com alguns amigos.

Chegou tão cansada que capotou sem pensar em nada.

Quando chegou a sexta-feira se deu conta que não fizera nada sobre nada.

E assim, esquecendo e lembrando quando Ela se deu conta o mês de março estava terminando.

Engraçado a passagem do tempo.

Ele vai caladinho e feito mineirinho, sem fazer qualquer alarde segue seu rumo sem nem querer saber se você está caminhando ou parado à beira do caminho.

E desse jeito, quietinho quando Ela se deu conta faltava uma semana para março acabar e sua barriga havia crescido e seus conhecimentos sobre Português e taquigrafia não haviam acompanhado o mesmo ritmo.

Foi um susto.

Ela correu no grupo, fez uma enquete rápida e descobriu que das cinco duplas formadas apenas uma estava chegando ao fim do trimestre alcançando seus objetivos.

“Contem pra mim, como vocês conseguiram?”

Eles foram contando, contando e ao final Ela descobriu que para conseguirem inserir as novas atividades à rotina o segredo era pensar em cada um dos detalhes do dia seguinte antes de dormir e no outro dia, antes de fazer qualquer coisa, realizar as atividades relacionadas aos propósitos a serem alcançados.

Foi aí que Ela parou para olhar para si mesma e convidou seu Anjo para uma conversa.

Depois de confessar seus “pecados”, relatar seus planos, escutou:

E quanto a história de “Um ano em um trimestre”?

“Descobri que para mim não dá certo.”

– Por quê?

“É muito tempo. Um trimestre é muito tempo pra mim, eu me perco. O meu negócio tem que ser dia a dia, no máximo semana a semana.”

– Vai tentar de novo?

“Claro! Vou sim.”

E foi desse jeito que Ela revelou como seria seu novo formato, afinal havia definido uma rotina, acreditava que seria mais fácil.

– Já sabe o que vai fazer de diferente?

“Sei sim.”

– Pode contar?

“Posso! Vou deixar tudo arrumado na noite anterior e quando o dia amanhecer, não importa o que eu tenha que fazer nem o quanto de preguiça toma conta de mim, as primeiras atividades do dia serão as que dizem respeito ao meu objetivo.”

– Os objetivos mudaram?

“Alguns.”

– Pode me contar?

“Hoje não, mês que vem.”

E foi assim que Ela em vez de se render mais uma veza auto sabotagem fez um alinhamento de rota e continuou.

Parece que mês que vem volta para contar o que aconteceu.

Vivi Antunes é ajuntadora de letrinhas e assim o faz às segundas, quartas e sextas no www.viviviantunes.com.br

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