Faz frio, a madrugada avança silenciosa e sorrateira pelas ruas. Por toda a cidade, flores saem passear. Uma estava no trabalho. Outra, estudando. Muitas outras se divertindo. É madrugada, faz muito frio e as flores continuam a passear por becos e avenidas, estações de trem e bares, com passos rápidos e olhos atentos. São todas dotadas de coragem, pois passeiam entre gigantes que não aprenderam a amar, tentando não serem esmagadas sob seus pés.

Às vezes, uma ou outra não consegue escapar. As flores choram. “Lugar errado e hora errada”, alegam os gigantes. Todos os dias as mesmas flores fazem seu caminho, temendo ser a última vez, enquanto fogem de um mal que espreita nas sombras, nas casas e nos corações de muitos.

Só uma flor entende outra flor.

Enquanto isso, mais uma foi esmagada. Dali a onze minutos, outra a de ser também. É o que diz a estatística.

Uma flor é vista no beco, caída e machucada. Pingando de seus cortes, a seiva. Suas raízes foram as culpadas, claro, se estivesse no jardim isso não teria acontecido. Devem ter sido suas folhas, onde já se viu verde tão brilhante?! Ou, ainda, foram as pétalas; flor boa é flor murcha, sem cheiro e sem cor, que passe despercebida. É proibido ser flor viva, brilhante, livre.

Todos os dias, do amanhecer a meia-noite, flores são esmagadas sem dó. E choram a dor de seus brotos que esperam para florescer.

Flores não escolhem a cor de suas pétalas, não são responsáveis pelo que vêm a ser. Elas apenas seguem seu caminho, enfrentando chuva, tempestade ou sol quente de verão. Apenas seguem para estudar, trabalhar ou dançar.

Num jardim onde os jardineiros não sabem cuidar das flores, nada floresce. Por isso, a culpa nunca é da (vítima) flor.


Crônica produzida pela aluna Isabella Stephany de Oliveira

Colégio Estadual Professor Mario Evaldo Morski

3º ano B – turno M

Professora Noriam Coelho Basilio

Compartilhe

Veja mais