Em entrevista ao FATOS, falou da sua escolha por Pinhão, da sua experiência, da recepção, dos problemas atuais e dos crimes

O novo delegado de Pinhão é o catarinense Rodrigo Cruz dos Santos, natural de Canoinhas e desde 2013 atua na função em Goiás, em Jataí, uma cidade de 100 mil habitantes onde a criminalidade é bem maior do que aqui, mas, também, com uma estrutura muito maior. “Lá éramos em oito delegados, com funções divididas, um grupo que investigava roubos, outro tráfico de drogas, outro homicídios, assim por diante. Lá a média de roubos a mão armada é de três por dia”.

Ele passou no concurso público em Goiás e também no Paraná, então, devido à distância decidiu vir para mais perto para ficar mais próximo da família. “Escolhi vir para Pinhão”.

POR ESCOLHA

Como chegou em Pinhão por opção, assegura que não tem intenção de sair daqui muito cedo. Então, diz que a população pode esperar dedicação integral e um bom atendimento quando vir até a delegacia. “Estamos aqui para atender da melhor forma possível. Não tenho intenção de sair daqui tão cedo e vim com vontade de mostrar trabalho. Espero que a minha experiência contribua com o serviço que já está sendo realizado com os policiais”.

O novo delegado conta com uma equipe pequena, mas dedicada. Segundo ele, defeitos cada ser humano tem, mas é preciso potencializar as qualidades de cada um. “Precisaríamos de mais funcionários, de mais viaturas, mas, de uma forma geral, o que posso dizer, embora aqui esteja bem aquém da realidade que eu vivia, sei de cidades que estão bem mais precárias. Não temos o suficiente, mas é bem melhor que vários locais”.

AO CHEGAR

Segundo o delegado, ao chegar em Pinhão foi muito bem recebido e o que encontrou de bom foi a acolhida por parte da comunidade, das entidades de classe, da prefeitura. “Nos apoiaram e se prontificaram a nos auxiliar. Estamos prestes a inaugurar um setor de investigação e que ainda falta mobiliário e equipamentos. Na reunião que tivemos na Aciap se prontificaram a nos ajudar a terminar e inaugurar a nova ala”.

Afirma que o que encontrou de ruim foram os 50 detentos em um espaço que é para 16 e os policiais civis exercendo funções que não seriam de sua competência. “O passivo de inquéritos, de aproximadamente 800, que se não houver a colaboração por parte das entidades públicas oferecendo funcionários não conseguiremos colocar em dia”.

As viaturas são outra reclamação do novo delegado. De acordo com ele, precisam urgentemente de pelo menos mais uma devido à extensão territorial. “Estamos necessitados demais. O nosso interior é muito grande. Os dois veículos que estão hoje à disposição estão em péssimo estado de conservação”.

FURTOS

Rodrigo Cruz dos Santos chega no município com um boa bagagem e uma experiência grande no setor de roubo e furto. “Aqui a maioria é furto, quando não há violência, entra na residência e rouba, diferente do roubo, quando há ameaça. Aqui a maioria é furto pelo que analisei dos inquéritos. E pela experiência que tenho, sei que o criminoso não tem ligação com a vítima, ele vai onde está mais fácil ou onde tem mais dinheiro. Se tem uma loja que tem grade e outra que não tem, eles vão na que não tem”.

Explica que para solucionar esse tipo de crime não é como vemos em programas de tevê, onde pegam a digital ou a saliva, por exemplo, a realidade é outra. “Diferente do que as pessoas pensam, investigamos os criminosos. Quando vemos uma imagem de câmera de segurança e já conhecemos alguns indivíduos, podemos identificar. A investigação de um homicídio é diferente, segue outra linha de investigação, pesquisa se a vítima tem um desafeto, então, inicialmente tem alguns suspeitos, e no crime contra o patrimônio não tem”.

VIOLÊNCIA DOMÉSTICA

Devido à questão cultural, onde o machismo ainda impera em Pinhão, a violência doméstica se destaca. Essa foi uma das cobranças quando o delegado chegou. “Como é um problema cultural é preciso um trabalho de assistência com essas famílias. Têm pessoas que bebem e as coisas viram em agressão e baixaria”.

FUGA

Sobre a fuga dos quatro detentos no dia 16 de junho, o delegado conta que os três primeiros capturados foram pegos a três quarteirões da Delegacia. A superlotação da cadeia pública local foi uma das causas da fuga. “Uma solução, relativamente fácil, seria a transferência de parte desses presos. Temos alguns condenados aqui e suas permanências não se justificam. Se nós conseguíssemos retirar esses presos e manter o mesmo efetivo sem a necessidade de cuidar de presos, iria melhorar bastante. Conseguiríamos baixar vários inquéritos e nos dedicar mais às investigações. O que atualmente é quase impossível devido ao plantão que esses policiais precisam fazer”.

 

 

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