Por Dartagnan da Silva Zanela (*)

(i)

Os cidadãos mundanamente críticos aplaudiram histericamente a homilia do Papa Francisco sobre a hipocrisia, sobre a vida dupla, como se tal condenação fosse uma novidade – haja paciência com tão presunçosa e soberba ignorância.

E aplaudem e mandam beijinhos não porque amam Cristo. Também não o fizeram isso pelo conteúdo do sermão (porque essa gente o ignora isso também), mas sim, porque eles viram na referida homilia uma martelada sendo dada nos dedos de todos os católicos. Só por isso. O que, por si, demonstra que não há amor ao próximo no coração dessa gente politicamente corretíssima. Apenas fingimento e afetação.

E é claro que na cabeça desse tipinho de gente, essa atitude mesquinha da parte delas, não é hipocrisia não. É criticidade progressista.

Pois é. Porém, quando esse mesmo Papa vier na Quaresma a lembrar que todos nós devemos rezar, ser penitentes, nos converter e crer no Santo Evangelho, as mesmíssimas almas sebosas irão virar a fuça e se fazer de sonsas porque aí, meu caro, elas sentir-se-ão totalmente desnudas e expostas com seu cinismo mundano e daí não haverá beijinhos nem aplausos para o sucessor de São Pedro.

(ii)

José Orgeta y Gasset afirmava que a hipocrisia é um elogio feito pelo vício para a virtude. Isso mesmo. Um elogio.

Se o carniça é um hipócrita é porque ele sabe que vive no pecado e que, por isso mesmo, finge ser algo bom e, muitas vezes, de tanto fingir ser bom, o fulano acaba com o tempo tornando-se o simulacro de bondade e termina rasgando as vestes diante de seu fingimento afetado.

Porém, todavia e entretanto, quando fazemos dos nossos pecados um projeto de vida, quanto sentimos orgulho de nossas imundices e insistimos em exigir que os outros aplaudam-nos por isso, aí meu caro Barnabé, o bicho é feio. Bem feio mesmo.

(iii)

A sociedade brasileira contemporânea considera como normal e sadio tudo aquilo que, de alguma forma, colabore para que as almas se condenem ao abismo do inferno.

(iv)

Somos tímidos para procurar primeiro o reino dos céus, claudicamos quando o assunto é colocar a vontade, o projeto de Deus acima dos nossos projetos miúdos, porém, nem pestaneja-se por um instante que seja quando o assunto é ofender o Altíssimo com a idolatria do pecado dizendo, levianamente, que isso ou aquilo é coisa do passado, que os tempos são outros e blábláblá, ignorando que aquilo e isso são coisas da eternidade, não do tempo.

(v)

Não se pede para que Deus abençoe nossos pecados. Jamais. Devemos sim pedir humilde e insistentemente para que o Altíssimo perdoe nossa forma porca de viver; devemos pedir força e perseverança para mudarmos de vida, nos converter e crer no Santo Evangelho. É isso. Só isso.

(*) Professor, cronista e bebedor de café.

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