Mais uma crônica de Francisco Carlos Caldas

Pior do que assassinatos impunes, são os que não são descobertos quem foram os autores ou mandantes.

Um dos casos emblemáticos e que se arrastou por décadas, é o do assassinato no dia 4/04/1984, do professor e vereador Mário Evaldo Mórski. Fomos uma das últimas pessoas que esteve conversando com o mesmo, mas ele não nos confidenciou nada, nem fez relato de ameaças ou de estar correndo risco de ser assassinado. E o foi, no nosso entendimento, por crime de natureza política, com origem em somatória de raivas e ressentimentos.

            Temos em Pinhão, ainda como um mistério, também o assassinato do jovem Max Souza, que deixou seus familiares abalados e inconformados até os dias de hoje.

            Também o duplo assassinato dos pinhãoenses Anderson Ferreira de Lima e Angelita Fatima Brolini Rech dos Santos, no dia 31/08/2015, em Ariquemis-RO.

            O assassinato em 10/12/2014 do médico veterinário, João Artêmio Beltrami, por algum tempo, foi um mistério, mas o caso acabou sendo desvendado, e autores punidos.

            É horrível, e pior do que a própria impunidade, é não se saber a autoria de assassinatos, pois, fica no ar, nuvem negra, uma carga negativa e pesada que não fez bem, sufoca e causa angústias, a todos aqueles de maior sensibilidade, poder de indignação e sedentos de  justiça.

            Por esse apego e até receio de males sem descoberta ou falta comprovação de autorias geradoras de impunidades, é que sempre fomos prevenidos quando passamos por situações de ameaças e riscos de ser assassinado. E se não fosse termos agido dessa maneira teríamos sido assassinado  no final de agosto ou início de setembro de 1989. Ou seja, quando pressentimos a coisa feia, fizemos carta e toda uma documentação do que estávamos a enfrentar. Na nossa visão, já tivemos, e bem mais por ações políticas do que da advocacia, no mínimo 4 (quatro) momentos em que corremos muito risco de ser assassinado.  E o pior. Quando o risco não é só de uma fonte, o perigo aumenta, porque às vezes o inimigo em tese menor, se aproveita da ocasião, para cometer o mal, na expectativa de que as suspeitas vão recair sobre o suspeito mor, e aí a coisa se complica, e embola não só o meio de campo, como todo o campo.

            Sobrevivemos, e agora em 2017 mais afastado da política e ações de cidadania, corremos menos risco de ser assassinado. E a graça de viver o resto de uma vida mais focado a família, netinha Pietra, atividades profissionais e  particulares; escrever e contar histórias, de centenas de peleias, e legado como este, de muitas reflexões.

Francisco Carlos Caldas,   advogado,  e cidadão pinhãoense). E-mail “[email protected]

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